CAMPO MAIOR > Lendas
A origem do nome desta bonita e pitoresca terra alentejana está ligada a várias estórias lendárias que se contam de geração em geração.
Aliás, como se sabe, por fontes idóneas da própria História de Portugal, Campo Maior foi certamente uma Povoação Romana, mais tarde dominada pelos Mouros e, finalmente, conquistada pelos Perez de Badajoz, sendo então Bispo de Badajoz D. Frei Pedro Perez.
Somente depois da Paz estabelecida com o Tratado de Alcanizes (1297), Campo Maior veio a pertencer à Coroa Portuguesa, juntamente com Ouguela e Olivença ( a Saudosa). Mas, afinal, donde provém verdadeiramente o seu nome?
Eis duas das versões mais populares que são contadas pelos anciões da região.
Diz-se, desde tempos de antanho, que no Reino de D. Diniz, quando aquelas Terras passaram para a posse de Portugal, o monarca mandou que edificassem um castelo, ali mesmo, para defender e dominar as fronteiras.
Assim um grupo de fidalgos, encarregados de escolher o local ideal, acabou por encontrar um vasto terreno, que lhes pareceu óptimo, sob todos os aspectos, para a construção do castelo.
E um dos Fidalgos exclamou mesmo, apontando à sua volta:
-Vêde! Que maravilha! É o Campo Maior que existe nestas redondezas.
Não há outro mais adequado para o efeito. El-Rei optará pela nossa escolha!?
E assim aconteceu, de facto, tal como reza a lenda velhinha. D.Diniz mandou erguer ali um poderoso castelo e passou a chamar á Povoação ? A Terra de Campo Maior.
Outra estória lendária, também muito divulgada entre os amigos, refere-se ao facto desta região ser vítima de muitos assaltos, pela parte dos Mouros, mesmo depois de conquistada pelos Cristãos.
Deste modo, as famílias existentes na região passavam terríveis provações de terror e, muitas vezes, sofriam sérios dolorosos e fatais ataques. Resolveram, por isso mesmo, reuniram-se num local amplo, onde todos se pudessem albergar, segundo o velho ditado de que a união faz a força. E, de todos que se lançaram na aventura de escolher o sítio desejado, uma delas foi mais feliz, ao descobrir um terreno magnífico, pela grandeza e pelo aspeto natural e paisagístico.
Logo, chamou pelos outros:
” Companheiros! Aqui será o nosso Campo Maior! Nele poderemos caber à vontade e dele faremos um reduto contra os nossos inimigos!”
Foi unânime a aceitação das restantes famílias. E nasceu, pois, para o terreno encontrado e povoado (que depressa se começou a desenvolver) o próprio nome de Campo Maior.
Diz a tradição que estava uma mulher da vila a lavar a roupa no rio, acompanhada por uma filha pequena. A dado passo, a criança afastou-se para brincar, e, pouco tempo depois regressou trazendo um brinco em ouro que disse ter sido ofertado, para brincar, por uma senhora muito bonita.
A mãe acompanhou a criança ao local onde esta disse estar a Senhora, e lá se deparou com a imagem de Nossa Senhora sobre uma pedra redonda que ainda hoje se encontra na capela. Espalhada a notícia do achado, a população acorreu em massa e devotadamente transporta para a vila a Imagem, decidindo erigir uma capela na margem direita do rio, a meio caminho entre a citada pedra e a vila. Porém, todas as manhãs a imagem desaparecia e voltava a surgir sobre a pedra em que originalmente havia sido vista. Concluíram então ser esse o local escolhido para nele erguerem a Capela.
Além da lenda que está ligada à construção da Capela de Nossa Senhora da Enxara, há a registar uma outra relacionada com a mesma Santa que diz respeito á pedra redonda sobre a qual está assente, dentro da Capela a imagem Santa.
Diz o povo que quando não havia água nem chovia, se realizava uma cerimónia, um ritual em que os habitantes deitavam, por preces a pedra ao rio, para que a Nossa Senhora fizesse chover. Tal acontecia, procedendo-se então ao ritual inverso que consistia em retirar a pedra do rio, colocá-la novamente na Capela e sobre ela recolocar a imagem.
No campo militar, refere-se que, estando Ouguela cercada durante uma guerra, não se sabe qual, e não havendo possibilidade de contactar Campo Maior para pedir reforços, uma criança desceu pela figueira que se encontra ainda hoje pegada á muralha do castelo, transportando consigo a Bandeira e uma mensagem escrita. A criança que costumava brincar com um tamborzinho, conseguiu ultrapassar as linhas inimigas sem levantar suspeitas e correu até Campo Maior onde entregou a mensagem no hospital.
Esta lenda é hoje conhecida pela lenda do “Tamborzinho” e julga-se ter origem num facto real, não se conseguindo estabelecer a época em que o mesmo terá acontecido.
Conta a história que na era de 1475, Ouguela foi tomada pelos castelhanos, travando-se então uma célebre batalha entre Portugal e Castela, a batalha de Toro que permitiu o regresso á Coroa Portuguesa da Vila.
Esta batalha deu-se no lugar de Ouguela, entre João da Silva, camareiro-mor do príncipe D.João II e João Fernandes Galindo, alcaide-mor de Albuquerque, em Espanha.
Do encontro morreram ambos, João Fernandes Galindo logo, e João da Silva aos vinte e oito dias depois, sem que houvesse mais derrame de sangue de ambas as partes.
Diogo da Silva, bisneto de João da Silva, passando por Ouguela, mandou fazer a referida Cruz na Era de 1551, encontrando-se esta atualmente no museu de Elvas.
Julga-se que esta Cruz estaria colocada perto da confluência do Abrilongo com Xévora, no local onde se teria travado o combate singular entre os dois capitães. O pedestal desta Cruz foi encontrado aquando da remodelação do castelo durante a recente década de 70.